O setor de serviços no Brasil registrou crescimento pelo terceiro mês consecutivo em abril, impulsionado principalmente pela alta no transporte de ageiros. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (14) pelo IBGE, o volume de serviços teve avanço de 0,2% em relação a março e subiu 1,8% na comparação com abril de 2024. Os números ficaram em linha com as projeções de analistas consultados pela agência Reuters.
Com o terceiro resultado positivo seguido, o setor acumula alta de 1,5% no período e está apenas 0,2% abaixo do pico da série histórica, registrado em outubro do ano ado. Apesar disso, os dados mostram uma desaceleração no ritmo de crescimento, após altas de 0,9% em fevereiro e 0,4% em março.
A única atividade que registrou avanço em abril foi a de transportes, com crescimento de 0,5%. O destaque ficou para o transporte de ageiros, que cresceu 1,8% no mês, favorecido pelos feriados prolongados da Sexta-feira Santa, Páscoa e Tiradentes, entre os dias 18 e 21 de abril. No Rio de Janeiro, o feriado de São Jorge em 23 de abril ampliou ainda mais o impacto positivo sobre a demanda por deslocamentos.
Segundo Luiz Almeida, analista do IBGE, o setor também pode ter sido beneficiado pelas compras antecipadas de agens para o show da cantora Lady Gaga, realizado no Rio de Janeiro em 23 de maio. “A alta de transportes veio do transporte de ageiros, com destaque para aéreo e rodoviário. Compras antecipadas (de agens) para o show da cantora Lady Gaga podem ter influenciado o resultado de abril”, afirmou.
Em contrapartida, as demais atividades registraram retração no mês. O segmento de “outros serviços” caiu 2,3%, enquanto os serviços profissionais, istrativos e complementares recuaram 0,5%. Informação e comunicação teve queda de 0,2% e os serviços prestados às famílias recuaram 0,1%.
O cenário segue sustentado pela força do mercado de trabalho, mas as expectativas para o restante do ano são mais cautelosas. A inflação elevada e os juros altos — com a taxa Selic atualmente em 14,75% — continuam como fatores limitantes para o crescimento do setor. O Banco Central se reúne na próxima semana para definir os próximos os da política monetária.
De acordo com dados do PIB do primeiro trimestre, o setor de serviços, responsável por cerca de 70% da economia brasileira, cresceu 0,3% frente ao quarto trimestre de 2024. Após os resultados de abril, o economista do Piay, Igor Cadilhac, revisou a projeção de crescimento dos serviços em 2025, de 1,6% para 2,1%.
“Apesar de seguirmos projetando uma desaceleração gradual nos segmentos mais sensíveis ao ciclo, a revisão incorpora o impulso inicial mais forte, sustentado pela resiliência do mercado de trabalho formal e pela expansão da massa de rendimentos”, avaliou. Ainda assim, segundo ele, a combinação entre inflação persistente, juros elevados e deterioração das condições financeiras deve impor limites à atividade no segundo semestre.
* Com informações da Reuters.